A porta de ferro se abriu em um
rangido desagradável. Kira abriu se incomodou com a luz que entrou pelo outro
lado e demorou um pouco para perceber um homem entrando e indo em direção a
Niall.
– Ei! Ei! – Niall tentou se
afastar – O que querem?
– Fica quieto, moleque! – disse o
homem, rabugento.
– Não toca nele! – Kira gritou
tentando chegar ao seu amigo, mas a corrente puxou-a de volta, lembrando-se de
seu pulso quebrado – AI! Droga! – resmungou, segurando o membro machucado.
– Saí, seu idiota! – Niall tentou
chuta-lo, mas o homem conseguiu se esquivar.
Cansado, o homem olhou entediado
para Niall e segurou em seus cabelos loiros, levando a cabeça do garoto para
trás, batendo na parede. Horan sentiu uma tontura desagradável e sua visão
ficou preta. Tinha desmaiado.
– NIALL! – Kira soltou um berro –
DEIXE ELE EM PAZ! – falava enquanto o homem tirava o irlandês das correntes e
levava-o para fora da cela.
A porta se fechou e sala voltou a
sua escuridão habitual. Kira se sentiu pior sabendo que estava sozinha ali. Ela
passou as mãos pelo braço. A corrente apertava o pulso machucado e aquilo
estava piorando cada vez mais a dor.
– ME TIREM DAQUI! – berrou –
SOCORRO!
Desesperada e irritada, ela
passou a mão boa pelos cabelos. Tinha vontade de arranca-los de raiva. Mas foi
passando os dedos pelo coro cabeludo que ela sentiu uma coisa fria enrolada em
alguns fios. Ela parou na estranha coisa e puxou-a para baixo, tendo em mãos um
grampo simples de prender a franja.
Kira abriu um sorriso tão largo
que quase rasgou a boca. Ela levantou a mão machucada com cuidado e com a pouca
claridade conseguiu encaixar as pontas do grampo na fechadura. Mexeu, mexeu,
mexeu, até que um “tlec” foi escutado e a corrente caiu de sua mão, deixando
seu pulso latejante respirar por um tempo.
A garota se colocou de pé e andou
tremula até a porta. Com sua mão boa, ela passou o braço pela janelinha da
porta, tateando o ferro até achar uma espécie de tranca. Ela procurou o pino e
quando achou, empurrou-o para a esquerda, abrindo a porta.
Mais confiante, Kira saiu de
dentro daquela sala e foi e direção a uma escada suja de madeira. Encravada em
um dos degraus, havia uma faca simples. A garota pegou-a por precaução e logo
depois saiu daquele porão imundo.
...
Quando os cavalos pararam de
correr, uma chuva fina caía do céu rodeado de nuvens escuras. Louis e Harry
desceram do cavalo, assim como Liam e Zayn. Eles andaram pela terra úmida até
vários arbustos, que ficavam de frente para uma casa ampla e sofisticada.
– É aqui? – perguntou Harry.
– Deve ser – respondeu Louis – a
estrada acaba aqui. Mais pra frente é só mato.
A casa era grande. Muito grande.
Será que Kira e Niall estariam lá dentro?
– Tem pessoas vigiando a porta...
– comentou Liam – Estão armados.
– Nós também! – falou Zayn.
– Mas não é o suficiente. Somos
quatro e temos só duas armas, além do mais, não sabemos nem atirar!
– Eu tenho um plano. – falou
Louis – Provavelmente Jack vá contar tudo para o William e negociar a própria
filha. Mas eles sabem que nós sabemos. E sabem que contaríamos tudo para a
polícia e para William... Por isso a casa deve estar completamente protegida.
– Tá... E o plano seria...?
– Vou me entregar!
– O QUÊ? – Harry deu um grito
misturado com soluço. Os homens sentados na escada que levava a porta levantaram
assustados.
– Você está louco???????? – Zayn
segurou o amigo pelo ombro – Quer morrer???
– Eu sei o que estou fazendo! –
ele olhou para os amigos – Assim que me pegarem, todos acharam que ninguém mais
vai vir! Os guardas vão abaixar a guarda e vocês entram e salvam os dois!
– Isso é ridículo, Louis!
– Não é ridículo! Eu sei o que
estou fazendo!
– Quem está aí? – uma voz veio do
outro lado dos arbustos.
– Se escondam, ok? – ele jogou a
arma para Harry.
– Não se atre...
Louis não deixou Liam terminar de
falar, ele se levantou, pulou o arbusto e saiu correndo na direção da porta
pela segunda vez naquele dia. O guarda soltou um berro e um tiro foi solto,
caindo bem perto dos pés do rapaz, fazendo-o levar um susto e sair rolando pelo
chão.
O homem que tinha atirado pegou
Louis pelo braço e logo outro veio fazer a mesma coisa com o outro.
– Me soltem!
– Moleque desgraçado.
Os dois arrastaram Louis a força
até dentro da casa. Se ela era bonita de fora, o lado de dentro era o paraíso.
O chão era forrado por um carpete vermelho vivo, a mesma cor que se encontrava
as paredes, no entanto, tinham detalhes dourados. Se Louis não estivesse tão
distante de si, poderia jurar que era ouro.
– Chefe. Olha quem estava lá
fora.
Louis foi jogado no chão com
força. Seus joelhos atingiram o chão e mãos agarraram seus cabelos, fazendo-o
olhar para cima, onde um par de olhos verdes o encarava.
– Philip. – ele rosnou.
– Louis... Como é bom te ver, meu
velho amigo! Como está?
– Vai pro inferno! – Louis
respondeu, se levantando e, logo em seguida, cuspiu no tapete.
– Como as pessoas gostam de me
mandar pro inferno... Nossa! – Philip riu pelo nariz – Se eu não me engano, sua
vadiazinha disse a mesma coisa pra mim. – Louis sentiu o rosto esquentar e seus
punhos se fecharam, prontos pra virarem no rosto perfeito de Philip.
– Eu não faria isso se fosse
você. – uma voz veio de trás de Philip – Esse rapaz ia te dar uma surra, filho.
Tenha um pouco mais de cuidado e da próxima vez que trazer um prisioneiro pra
dentro de casa, algeme-o! – disse Jack, jogando uma corda na mão de um dos seus
capangas. Eles pegaram as mãos de Louis e as “algemaram” nas costas – E não
esqueça de mandarem olhar a casa toda, porque os “heróis” nunca aparecem
sozinhos! – ele apontou para porta, onde vários brutamontes traziam Liam, Harry
e Zayn pelo colarinho.
– Droga. – murmurou Louis.
– M-me desculpe, pai... Eu... –
Jack levantou a mão para que o filho ficasse quieto.
– Muito bem. Louis... Já ouvi
falar muito de você, sabia rapaz?
– Ouvi falar de você também. –
Tomlinson serrou os olhos, tentando não parecer apavorado – Onde está Kira? E
Niall? É bom não ter feito nada com nenhum dos dois... – Jack gargalhou. Qual
era a graça?
– Creio que tenha chegado muito
tarde, meu caro! Aqueles dois já estavam me dando nos nervos... Meu plano era
muito mais simples antes de vocês me aparecerem. Aí eu tive que mudar
simplesmente tudo! E aqui estamos.
– O que fez com eles?
– O loiro irlandês está bem...
Agora, a garota, Kira... Não posso dizer o mesmo. – Louis deu um passo a
frente, sendo segurado pelos homens atrás de si. – Ela berrava. Gritava.
Chorava, E ninguém podia ajuda-la. Assumo que fiquei com um pouco de dó.
– O QUE VOCÊ FEZ COM ELA? – Liam
berrou, tentando se soltar dos braços que lhe seguravam.
– Quer os detalhes ou quer que eu
vá ao ponto direto? – Jack riu, sentando-se no sofá em frente a todos. – Como
disse, essa garota estragou meus planos. Então eu...
– Diga logo! – Harry falou.
– Ela está morta! – Jack falou
olhando para o garoto – Satisfeitos?
Philip franziu o cenho, mas
ninguém pareceu reparar. Todos estavam em choque, sem reação, sem palavras a
dizer. Parecia que a cena tinha congelado.
– Está mentindo. – disse Louis,
seu coração batia tão rápido que chegava a doer.
– E por que eu mentiria? Qual é?
Já somos íntimos o suficiente! Vocês já sabem de tudo, por que eu esconderia
mais alguma coisa.
– Você está mentindo! – Tomlinson
tentou se soltar mais uma vez.
– Não estou mentindo, rapaz! –
Jack cruzou as pernas, levando seu tronco pra frente e encarando Louis nos
olhos – Ela gritou por você. As lágrimas caindo pelas bochechas e você não
estava lá. Você não apareceu. O último suspiro dela foi seu nome. Mas, como
disse, você não veio. Você deixou-a morrer.
– É MENTIRA!
Louis ouviu o próprio coração.
Ouvia as batidas como se caixas de som as transmitissem perto de seu ouvido.
Jack, a sua frente, estava ficando borrado, lágrimas se acumulavam em seus
olhos; raiva percorria por suas veias e um vazio tomou conta de seu estômago.
Sentia que iria vomitar se não falasse algo.
– É mentira. É mentira. É
mentira. VOCÊ É UM MENTIROSO!
– Eu não tenho motivos para
mentir, Louis.
– Ela não... Ela não pode... Não
pode estar... Morta. – dizer aquelas palavras era algo totalmente surreal,
impossíveis de acreditar.
– Mas acredite, meu caro. Não há
nada que possa fazer.
– Louis! Não acredite nele! É
mentira! – Zayn não tinha certeza absoluta de suas palavras.
– Bem – Jack se levantou – Se não
se importam, tenho mais alguns assassinatos para planejar. Então vocês têm duas
opções! Ou vão embora e não contem pra ninguém sobre isso, ou morrem aqui
mesmo!
– E o que te faz pensar que não
contaremos pra ninguém? – perguntou Liam. Seus olhos estavam vermelhos.
– Porque, se não, o amigo
loirinho de vocês morre! – Jack estralou o dedo e outro brutamontes apareceu
arrastando Niall pelas mãos. O irlandês estava desacordado.
Os quatro prenderam a respiração
e encararam o amigo caído. Sua blusa estava machada de sangue e os cabelos
molhados de suor.
– Eu achei que ele ficou uma
gracinha assim! – Jack sorriu – Vocês ouviram as condições! – ele tirou uma
faca no bolso – Caso contem isso pra alguém, ele morre!
– Vocês sabem que nós já
contamos. Por que querem que prometemos isso?
– Por que nosso plano não envolve
policias invadindo nossa casa, Tomlinson... – falou Philip, lembrando a todos
de sua presença.
– Ah... Vejo que alguém muda
completamente sem a presença do papai, não? Cadê o machão agora?
– Cala a boca, seu idiota! –
Philip parecia realmente com raiva. Ele estava se controlando para não espancar
o garoto a sua frente – E não esquenta, eu dei um beijo na Kira por você antes
de ela... Morrer. Amor... Uma coisa tão inútil.
As veias de Louis saltaram do
pescoço. Ele encarava Philip com tanto ódio que se pensamento matasse, aquele
rapaz de cabelos loiros já estaria morto.
– Você nunca será melhor que eu,
Philip. Nunca será melhor que seu pai. Nunca será melhor que ninguém! Você é só
um idiota! Um cachorrinho que segue o dono sem desobedecer! Você é apenas uma
marionete idiota! Amor é inútil pra você porque é uma coisa que NUNCA teve. Nem
de seu próprio pai.
Philip pareceu surpreso com as
palavras rígidas.
– Chega! – falou Jack – Já
percebi que você não desiste, Tomlinson. É uma pena... Eu te dei uma chance
rapaz e você a desperdiçou! Pior pra você! – ele brincou com a faca nas mãos –
Segurem-no!
– NÃO! – Harry gritou e tentou se
soltar, assim como Zayn e Liam. – LOUIS!
– NÃO ENCOSTE NELE! – Berrou
Liam.
– Fiquem quietos!
O Lockwood mais velho chegou
perto de Louis e sorriu maliciosamente, segurando a faca firme nas mãos. Ele
olhou fundo nos olhos da vítima e passou a faca pelo abdômen de Louis, que
sentiu o suor escorrer pela testa.
– Coração... Pulmão... Em que
lugar eu faço você sofrer?
Nada respondeu. Jack deu de
ombros e levantou a faca, abaixando-a com força em direção ao coração de Louis.
Liam fechou os olhos. Harry já havia virado há um tempo e Zayn encarava a cena
como se estivesse paralisado.
Um barulho agudo foi escutado e
um grito alto invadiu os ouvidos das pessoas ali presentes. Sangue pingou pelo
carpete, sendo praticamente camuflado.
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